O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, afirmou nesta segunda-feira (9) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente leu e fez alterações na chamada “minuta do golpe”, documento que previa prisão de autoridades e decretação de estado de sítio para reverter o resultado das eleições de 2022.

As falas de Cid aconteceram durante o depoimento para investigar por uma suposta tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente, Jair Bolsonaro, também está presente no STF.

Segundo Cid, Bolsonaro excluiu a prisão de diversas autoridades, mas manteve Alexandre de Moraes como único alvo.

Depoimento no STF. – Foto: Reprodução/ Youtube/ TV Justiça.

“O presidente deu uma enxugada no documento. Somente o senhor seria preso”, disse ao ministro.

Cid afirmou ainda que reuniões com os chefes das Forças Armadas ocorreram no Palácio da Alvorada e que o general Braga Netto atuava como elo com os acampamentos golpistas.

Declaração de Mauro Cid 456559

Durante o depoimento, o militar também detalhou o ree de dinheiro em espécie feito por Braga Netto, supostamente vindo de empresários do agronegócio, para manter os manifestantes nos quartéis.

A quantia foi entregue ao major Rafael Martins de Oliveira, que, segundo Cid, também articulava o monitoramento de Moraes.

Jair Bolsonaro e seu ex-ajudante de ordens. – Foto: Divulgação/ Alan Santos/ PR.

Cid reafirmou que entregou a delação de forma espontânea e negou qualquer coação, mesmo após o vazamento de áudios em que criticava a investigação.

“Foi um desabafo, não houve pressão”, declarou. Em outros momentos, Cid disse que não lembrava dos áudios enviados.

O depoimento é o primeiro entre os réus do núcleo central da tentativa de golpe. Nos próximos dias, o STF ouvirá Bolsonaro.

O julgamento no STF apura a organização de uma tentativa de ruptura institucional com participação de militares, ministros e aliados do ex-presidente.