O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou, em entrevista exclusiva ao programa Ponto Norte, do Grupo Norte de Comunicação, que a acusação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por envolvimento na tentativa de golpe de Estado é uma “perseguição política”.
O julgamento da denúncia contra o ex-presidente e mais sete acusados teve início nesta terça-feira (25).
“Não há em nenhum momento provas que possam colocar que houve o golpe em andamento, ou seja, tropa foi colocada na rua, se atacou as instituições, se buscou matar Fulano, Beltrano. O que existem são conversas. Não há o dedo do presidente da República. Eu vejo que há uma perseguição muito clara a pessoa do presidente Bolsonaro”, comentou o senador.
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O senador Mourão é uma das 13 testemunhas escolhidas por Bolsonaro para a manifestação de defesa do ex-presidente.
Para ele, a denúncia se configura como uma orquestração de um grupo dentro do Supremo Tribunal Federal (STF) para “expurgar a pessoa do presidente Jair Bolsonaro da vida política do país”.
No testemunho, o senador pretende dizer que nunca ouviu de Bolsonaro a pretensão dele se tornar um “ditador dentro do país” ao longo de todos os anos de convivência na Presidência da República, na campanha eleitoral e durante o período de ativa no Exército Brasileiro.
“Em nenhum momento eu ouvi do presidente a visão de que ele pretendia se tornar um ditador dentro do país, cercear a liberdade dos demais poderes existentes, e tornar o regime no Brasil de partido único, sem que Legislativo e Judiciário tivessem voz ativa”, completou.
Delação Mauro Cid w3c29
Questionado sobre o que pode ter motivado as declarações de Mauro Cid à Polícia Federal (PF), Mourão disse ter se tratado de uma “coerção”.
“Isso está muito claro, deveria ter sido anulada no momento em que o próprio juiz, o ministro Alexandre de Moraes, ameaça a família de Cid. Isso não está previsto em uma delação premiada”, critica.
Segundo o senador, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro relatou apenas o que vi
“Eu vejo que o Cid relatou uma porção de coisas que ele viu, mas quando junta esses fatos todos, são conversas. E a partir do momento que vamos ser condenador por “conversas” vamos entrar em um terreno extremamente perigoso”, destacou ele.
De acordo com ele, uma “prova contundente” seria algo comparado à Revolução de 11 de setembro de 1922, episódio conhecido como “Revolta dos 18 do Forte de Copacabana”, quando militares bombardearam o centro da cidade.
“Então, vamos dizer que essa turma toda se reunisse no Palácio da Alvorada, no dia da posse do presidente da República, e de lá saísse armada para impedir a posse do presidente. Isso seria uma tentativa de golpe. Mas não tivemos isso em nenhum momento aqui no Brasil”, exemplificou.
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O ato de 8 de janeiro também foi citado por Mourão como um caso sem relação com a denúncia.
“O 8 de janeiro foi uma baderna, uma parcela expressiva da população representada pelo grupo que estava lá”, pontua.
Na visão do senador, quem praticou o ato de vandalismo deve ser condenado.
Apesar disso, Mourão se declara pró-anistia e acredita que rotular o 8 de janeiro como golpe é “uma forçação de barra absurda”.
Hamilton Mourão será o entrevistado do programa Ponto Norte desta semana.
A entrevista vai ao ar nesta sexta-feira (21), às 16h (horário de Brasília) no Portal Norte, e à noite na TV Norte, após a série “The Chosen”.