Um hotel no bairro Tancredo Neves, em Tabatinga, interior do Amazonas, foi usado como ponto de apoio para 117 imigrantes da Índia, Bangladesh e Paquistão que tentavam entrar ilegalmente nos Estados Unidos.

Os casos ocorreram entre outubro de 2019 e agosto de 2020, e na ocasião, os hóspedes não visitaram a Floresta Amazônica.

A investigação, conduzida pelo Ministério Público Federal (MPF), revelou que o local servia de abrigo temporário antes do transporte clandestino até a fronteira, com ajuda de coiotes – pessoas que facilitam a imigração irregular.

Condenações 2d3rt

Nesta semana, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) condenou dois membros da rede criminosa a penas que variam de 3 a 28 anos de prisão por crimes como facilitação de imigração ilegal, supressão de documentos e lavagem de dinheiro.

A decisão ainda cabe recurso, mas apenas um dos condenados poderá recorrer em liberdade.

Hotel no Amazonas era base para imigrantes antes da travessia 151y1w

O brasileiro dono do estabelecimento foi preso em flagrante em agosto de 2020 por promover a saída clandestina de estrangeiros do Brasil.

Imigrantes ficavam em hotel no Amazonas – Foto: Reprodução/Canva.

Segundo o MPF, ele retinha os aportes dos hóspedes sob alegação de não pagamento das diárias. A maioria dos imigrantes era de origem bengali (grupo étnico de Bangladesh e Índia).

Já o outro condenado, com ligações em Bangladesh, era apontado como o principal responsável pelo esquema.

Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou que ele movimentou R$ 2,7 milhões em apenas um mês – valores que, segundo ele, viriam da venda de roupas usadas, mas sem comprovação.

Rota internacional: do Brasil aos EUA via América Central 4i4j28

Os imigrantes chegavam ao Brasil pelo Aeroporto de Guarulhos (SP) e seguiam para Tabatinga, cidade estratégica na tríplice fronteira com Colômbia e Peru.

De lá, eram encaminhados por coiotes em uma rota que ava por Panamá, Costa Rica, Honduras e México – onde outro facilitador os ajudava a cruzar para os EUA.

Durante buscas no hotel em 2020, foram apreendidos documentos que comprovavam uma contabilidade paralela, incluindo registros de dívidas para custear a permanência dos estrangeiros.

A decisão judicial reforça a atuação de redes transnacionais que exploram rotas sul-americanas para o tráfico de pessoas.

O caso ainda pode ser alvo de novos recursos, mas a condenação já expõe a complexidade desse fluxo migratório ilegal.