Contudo, faltando pelo menos 13 meses para as convenções de 2026, será tempo suficiente para que o cenário político, ainda sem amarras partidárias, fique mais claro e as alianças sejam confirmadas ou modificadas.
Omar Aziz tem sido um aliado de primeira ordem, garantindo recursos para a Prefeitura de Manaus e fortalecendo a ponte entre David Almeida e o Governo Lula. Nisso o prefeito foi prudente e percebeu a capacidade de avaliar riscos, antes que se tornem reais.
Ontem, David Almeida confirmou a aliança com Omar Aziz e praticamente o colocou como seu candidato ao governo em 2026.
Diante de um jogo político ainda em pré-campanha, sem regras de fidelidade partidária ou formação de coligações, é mais confortável para David anunciar seu apoio a Omar e afastar qualquer boato que sugira um rompimento ou a possibilidade de se lançar candidato ao governo contra o senador.
Mas há um ponto que chama atenção nessa declaração: a percepção do prefeito sobre um jogo político que vai além da Prefeitura de Manaus. Quando se trata da sucessão ao governo, Wilson Lima, que cumpre seu segundo mandato, ainda precisa definir seu futuro político, se disputará o Senado ou não e ainda apoiar ou não um sucessor para o seu posto.
Até o momento, não há uma direção clara sobre quem poderia ser esse nome. Roberto Cidade, que a princípio seria o candidato mais viável, enfrenta incertezas na Assembleia Legislativa e pode perder a presidência da Casa, especialmente após a Procuradoria-Geral da República considerar inconstitucional sua reeleição. Mas esse é um assunto para outro momento.
O fato é que Wilson também terá que indicar alguém. Independentemente de concorrer ou não, ele precisará decidir para quem direcionará seu apoio. Até lá, há um longo caminho pela frente.
A aliança entre David e Omar também merece destaque. O prefeito não se deixa levar por rumores e tem demonstrado isso nos bastidores. Há pessoas em seu entorno que o incentivam a disputar o governo, alegando que ele teria mais viabilidade eleitoral do que Omar Aziz.
No entanto, deixar a sede da Prefeitura na Compensa para almejar o Palácio do Governo é uma decisão que caberá a David no momento certo. Além disso, essa aliança não envolve apenas Omar e David.
Há outros fatores em jogo, como o papel do senador Eduardo Braga, as chapas de deputados federais e estaduais e a necessidade do Avante, partido do prefeito, de eleger pelo menos um deputado federal. Se o número de cadeiras aumentar de oito para dez, as chances crescem.
Também há indefinições sobre os candidatos a deputado estadual. O grupo de David precisa decidir se continuará focado apenas na reeleição de Daniel Almeida, hoje a figura mais importante da base do prefeito. Há ainda Wanderlei Monteiro, cuja reeleição como deputado estadual é incerta, e Mayra Dias, que pode deixar o Avante e disputar por outra sigla.
Diante desse cenário, é preciso cautela. David Almeida compreende que esse jogo vai além de seus projetos pessoais. Outro ponto que chama atenção no apoio mútuo entre David e Omar é a indefinição sobre o segundo nome para o Senado. Há rumores dentro da Prefeitura de Manaus incentivando o próprio prefeito a disputar a vaga.
Dentro de uma lógica comum na política, David Almeida não poderá concorrer à reeleição para prefeito em 2028. E não é de seu perfil disputar um cargo como vereador após sair do Executivo.
Assim, uma candidatura ao Senado pode fazer parte do seu projeto político, já que pesquisas indicam uma boa viabilidade eleitoral para ele nesse cenário. Se David será ou não candidato ao Senado, só o tempo dirá.
Mas, por ora, ele entende que antecipar movimentos pode ser um erro. Neste momento, a prudência é a melhor estratégia.